sexta-feira, 27 de março de 2009

Conheça os monitores do SAGAS

Durante a primeira fase do Sobre Nós: Diálogos e Sexualidades, em 2008, foram escolhidos jovens voluntários para integrarem a equipe de monitores. Esses jovens visitam as Regionais contempladas no Projeto, conversam com as pessoas orientando sobre prevenção, distribuem preservativos e ajudam na mobilização dos jovens participantes durante oficinas e campanhas. Vamos conhecer um deles?


Nome: Felipe Lopes de Sousa
Idade: 28 anos
Além de monitor no SAGAS é... Estudante.


Para você, o que representa ser monitor?
Tenho a oportunidade de fazer um trabalho que me ajuda e me dá a oportunidade de ajudar alguém. Sei que a informação que passo poderá ser multiplicada, e isso é muito massa. Além disso, é uma troca de experiências, já que é muito mais fácil conversar entre jovens. Já pensou, falar sobre sexo com um professor, por exemplo? É muito mais difícil.


Já aconteceu alguma situação engraçada durante as visitas nas Regionais?
As pessoas, às vezes, acham que estamos vendendo preservativos, mas aí nós conversamos,
explicamos do que se trata o Projeto e só então elas compreendem. É interessante porque
elas ficam envergonhadas no começo, desconfiadas por estarmos distribuindo, mas depois tudo fica bem.



E já teve alguma situação mais difícil?
Durante uma das visitas, sofremos uma tentativa de assalto. No fim, nada aconteceu, mas ficamos muito assustados mesmo assim.



E de que você mais gosta na monitoria?
A parte que mais gosto, com certeza, são as oficinas. Nelas, a gente tem a oportunidade de conhecer melhor as pessoas, fazer amizades. Gosto dessa proximidade.-

Educando pela perspectiva da Diversidade

Adriano Caetano, 35, é formado em Filosofia pela UFC e faz mestrado em Sociologia, com um tema que ele define como “uma discussão sobre identidade na cultura social brasileira”. Compõe a equipe do GRAB há 5 anos e durante esse período, já participou de vários projetos e atividades relacionadas à prevenção, Direitos Humanos, gênero e diversidade sexual. Em 2008, Adriano foi um dos educadores que ministrou oficinas para os jovens do Projeto SAGAS, e nesta entrevista ele fala um pouco da juventude homossexual e HSH.

Como você acha que a juventude se relaciona com a homofobia? Ela combate ou reforça?
Ela combate muito mais que reforça. Na verdade, nós (a sociedade) temos ouvido pouco a juventude, e muito as Instituições. Quando vamos ouvir o Estado (e aí eu acho que o Estado ainda é muito homofóbico) falamos com os parlamentares. Quando ouvimos a Escola, conversamos com os professores. Quando se fala em religiões, ouvimos os padres, e por aí vai. Os jovens mesmo, nós ouvimos muito pouco, e quando nos voltamos para eles, muitas vezes é um discurso que reflete o que foi aprendido com essas instituições. Quando conversamos com a juventude no dia-a-dia e em suas práticas sociais, percebemos que há uma interação muito forte entre jovens gays e heterossexuais. Algo que talvez fosse impensável há 20 anos atrás, por exemplo. Temos locais em Fortaleza onde uma há uma freqüência jovem muito intensa e diversa, de várias tribos e orientações, e elas convivem muito bem entre si.


Quais as principais discussões que precisam ser inseridas entre a juventude homossexual e HSH?
Primeiro precisamos discutir questões básicas, que são as de gênero, identidade e corpo. A partir dessas questões é que poderemos desmembrar a homossexualidade. Se você não entender as questões de gênero (porque a mulher faz isso, porque que os homens fazem aquilo), só aí você vai entender o papel dos homossexuais na sociedade. É importante desconstruir esses papéis instituídos. Daí para compreender, por exemplo, porque existe o preconceito de dizer que o homem gay quer ser mulher, o que não é verdade. A partir dessas discussões, o jovem vai poder perceber sua identidade, trabalhar sua auto-estima, percebendo que ele não é anormal, e se reconhecer verdadeiramente como cidadão.


Como foi a experiência das oficinas com os jovens do SAGAS em 2008?
Foram muito positivas. Trabalhamos essas questões básicas (gênero, identidade e corpo). Retomando esse processo de reconhecer o gênero dessa pessoa, percebendo que as relações de gênero são construções e que não estão paradas no tempo. O que vai alterando essas relações são as Instituições (Igreja, Estado, Escola) e a sociedade. Se elas são flexíveis, então eu posso sim transar com homens, transar com mulheres. Quem vai me colocar em caixinhas”, é a sociedade. E daí discutir essa identidade: “Se eu fiquei com mulheres, eu ainda sou gay”? Como eles são jovens, eles estão muito abertos a essas discussões, que contribuem para trabalhar essa auto estima. As oficinas provocaram reflexões a respeito do que é ser homem e ser mulher e desconstruir diversos preconceitos. Os jovens homossexuais também estão inseridos nessa sociedade machista, homofóbica, racista e patriarcal, então eles também têm preconceitos que precisam ser trabalhados. Prevenção não é só entregar camisinha, tem também muitas outras questões, e elas foram abordadas nas oficinas. -

Seminário de comemoração dos 20 anos do GRAB

Pessoal, março é um mês muito especial! É neste mês que o GRAB comemora 20 anos de fundação e muita luta em prol dos direitos das comunidades LGBTT e na luta contra a Aids.

Venha comemorar com a gente no Seminário “20 anos de Resistência: Construindo a Igualdade”, que será no dia 26 de março/2009, no Auditório do Centro Dragão do Mar (1º andar), das 14h às 17h. Estão tod@s convidad@s! Não deixem de comparecer!